Quem chegar à Portela e perguntar por Damasceno de Souza, talvez possa passar pelo dissabor de ouvir um “não conheço ninguém com esse nome”. Mas se o visitante procurar por Ciloca vai ser indicado a conversar com um dos grandes baluartes e fundadores da velha guarda da escola. Desde 1941 na Portela, “Seu” Ciloca vivenciou várias transformações nos desfiles das escolas de samba, quando entre outras coisas, foi o responsável por ser o criador dos movimentos da asa da águia. Como não poderia deixar de ser, o Agogô Samba e Carnaval foi a Madureira conversar com o pessoal que fez a história da escola mais vezes campeãs do carnaval carioca, com um total de 21 títulos. Figuras tradicionais como Walter Santos, Dirceu e além do próprio Ciloca falaram dessa paixão que é a Portela.
ASC – Seu Ciloca, conta pra gente como é sua história na escola.
Ciloca – Nunca sai daqui para escola nenhuma, sou do tempo da D. Esther, uma das fundadoras da “Quem fala de nós come mosca”. Havia também outros grupos como “As baianinhas de Oswaldo Cruz” e “Vai como pode”. Foi a união desses grupos que em 1935, originou a Portela. O Dulcidio Gonçalves, que era o chefe de policia, na época ordenou a mudança do nome para Portela. Ele considerava o nome “Vai como pode” ordinário e impróprio... Em 1936 coloquei aço nas saias das baianas, que eram de goma, em 1970 eu fiz a primeira águia batendo asa, e, em 1976 coloquei os primeiros carros de ferro, também fogos na avenida. A Portela foi à primeira escola a colocar fogos.
ASC – E o nome Portela, foi em homenagem ao Paulo da Portela?
Ciloca – Não, foi por causa da Estrada da Portela, o Dulcidio Gonçalves polícia, como já te disse foi quem botou esse nome. Ele nos perguntou: vocês são de onde? Então, eu respondi: Estrada da Portela.
Dirceu - Isso, inclusive o Paulo acabou por herdar esse nome Portela pelo mesmo motivo e também por causa da escola. Todos moravam na região.
ASC – Como foi a convivência com o Natal?
Ciloca - O Natal não era da Portela, ele era de futebol. Ele veio pra Portela em 1964, na verdade o irmão dele, o Nozinho é que era da escola. Fez muito pela Portela e por Madureira.
ASC – Dá pra fazer uma comparação da Portela de tempos atrás até os dias atuais? Tem muita diferença da década de 70, 21 carnavais?
Dirceu – Agora ta melhor que antigamente, está mais organizado. Esse novo Presidente, o Nilo Figueiredo está dando uma vida para Portela fora de série.
ASC – A briga entre as escolas é só falácia ou existe realmente essa de levar troféu pra casa?
Dirceu – Quero falar um negócio para você, nem dentro da Marquês de Sapucaí tem briga, se você tiver que passar por dentro de uma co-irmã vão abrir para você passar. Dificilmente vão dizer que sua fantasia é feia, existe uma harmonia muito grande no mundo do samba, antigamente não existia isso, hoje isso acabou. Outro detalhe, na Portela eu desfilava com a minha mulher e nunca disseram gracinha para ela, não parece, mas isso é muito serio.
ASC – A cultura, o respeito que as escolas de samba produzem, qual à importância disso?
Dirceu - Hoje em dia, não se pode mais desvincular uma escola de samba com assistência social. Todas elas têm obras e cursos profissionalizantes. Na Portela, por exemplo, tem um curso que forma pessoas para trabalhar no barracão. São artesões, vidraceiros, carpinteiros, escultores, que depois vão trabalhar até em outras escolas, já com uma profissão.
ASC – São varias noites sem dormir, costurando fantasia, apertando o couro dos surdos, das caixas e dos tamborins. O que vocês tem a dizer sobre a Portela, da emoção em viver e fazer uma escola de samba, como é isso?
Walter dos Santos – Nas escolas de samba você tem que lidar muitas cabeças diferentes. Se para um está bom, para maioria não está. Há uma discordância e é preciso haver o debate, só assim as coisas funcionam. Não tem jeito, o clima de insatisfação vai existir até a aprovação de alguma idéia. Uma escola de samba é assim, se briga muito, mas o que vale é o convívio sadio e organizado.
Dirceu – Olhe com atenção! – nesse momento, Seu Dirceu aponta o dedo indicador para um grupo de meninas - Veja o número de crianças que brincam aqui, na escola. É um ambiente bem familiar, aqui não tem briga, aqui as pessoas se gostam. A Portela é harmonia e respeito, nós respeitamos a todos que vem, isso faz parte da nossa rotina. E nós consideramos se não o berço do samba, pelo menos um grande reduto do samba, daqui saíram grandes compositores e ícones da MPB, muitos estão por ai: Paulinho da viola, Zeca pagodinho, Marisa Monte e outros... “E se eu for falar da Portela não vou terminar”, como diz o samba do Monarco.
ASC – Seu Ciloca, conta pra gente como é sua história na escola.
Ciloca – Nunca sai daqui para escola nenhuma, sou do tempo da D. Esther, uma das fundadoras da “Quem fala de nós come mosca”. Havia também outros grupos como “As baianinhas de Oswaldo Cruz” e “Vai como pode”. Foi a união desses grupos que em 1935, originou a Portela. O Dulcidio Gonçalves, que era o chefe de policia, na época ordenou a mudança do nome para Portela. Ele considerava o nome “Vai como pode” ordinário e impróprio... Em 1936 coloquei aço nas saias das baianas, que eram de goma, em 1970 eu fiz a primeira águia batendo asa, e, em 1976 coloquei os primeiros carros de ferro, também fogos na avenida. A Portela foi à primeira escola a colocar fogos.
ASC – E o nome Portela, foi em homenagem ao Paulo da Portela?
Ciloca – Não, foi por causa da Estrada da Portela, o Dulcidio Gonçalves polícia, como já te disse foi quem botou esse nome. Ele nos perguntou: vocês são de onde? Então, eu respondi: Estrada da Portela.
Dirceu - Isso, inclusive o Paulo acabou por herdar esse nome Portela pelo mesmo motivo e também por causa da escola. Todos moravam na região.
ASC – Como foi a convivência com o Natal?
Ciloca - O Natal não era da Portela, ele era de futebol. Ele veio pra Portela em 1964, na verdade o irmão dele, o Nozinho é que era da escola. Fez muito pela Portela e por Madureira.
ASC – Dá pra fazer uma comparação da Portela de tempos atrás até os dias atuais? Tem muita diferença da década de 70, 21 carnavais?
Dirceu – Agora ta melhor que antigamente, está mais organizado. Esse novo Presidente, o Nilo Figueiredo está dando uma vida para Portela fora de série.
ASC – A briga entre as escolas é só falácia ou existe realmente essa de levar troféu pra casa?
Dirceu – Quero falar um negócio para você, nem dentro da Marquês de Sapucaí tem briga, se você tiver que passar por dentro de uma co-irmã vão abrir para você passar. Dificilmente vão dizer que sua fantasia é feia, existe uma harmonia muito grande no mundo do samba, antigamente não existia isso, hoje isso acabou. Outro detalhe, na Portela eu desfilava com a minha mulher e nunca disseram gracinha para ela, não parece, mas isso é muito serio.
ASC – A cultura, o respeito que as escolas de samba produzem, qual à importância disso?
Dirceu - Hoje em dia, não se pode mais desvincular uma escola de samba com assistência social. Todas elas têm obras e cursos profissionalizantes. Na Portela, por exemplo, tem um curso que forma pessoas para trabalhar no barracão. São artesões, vidraceiros, carpinteiros, escultores, que depois vão trabalhar até em outras escolas, já com uma profissão.
ASC – São varias noites sem dormir, costurando fantasia, apertando o couro dos surdos, das caixas e dos tamborins. O que vocês tem a dizer sobre a Portela, da emoção em viver e fazer uma escola de samba, como é isso?
Walter dos Santos – Nas escolas de samba você tem que lidar muitas cabeças diferentes. Se para um está bom, para maioria não está. Há uma discordância e é preciso haver o debate, só assim as coisas funcionam. Não tem jeito, o clima de insatisfação vai existir até a aprovação de alguma idéia. Uma escola de samba é assim, se briga muito, mas o que vale é o convívio sadio e organizado.
Dirceu – Olhe com atenção! – nesse momento, Seu Dirceu aponta o dedo indicador para um grupo de meninas - Veja o número de crianças que brincam aqui, na escola. É um ambiente bem familiar, aqui não tem briga, aqui as pessoas se gostam. A Portela é harmonia e respeito, nós respeitamos a todos que vem, isso faz parte da nossa rotina. E nós consideramos se não o berço do samba, pelo menos um grande reduto do samba, daqui saíram grandes compositores e ícones da MPB, muitos estão por ai: Paulinho da viola, Zeca pagodinho, Marisa Monte e outros... “E se eu for falar da Portela não vou terminar”, como diz o samba do Monarco.
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